Uma exaltação cívica à autodeterminação do povo brasileiro e ao regime democrático. Assim podemos resumir o quê foi o Ato em Defesa da Soberania Nacional e da Democracia, realizado na segunda-feira, dia 1º de setembro, no Clube de Engenharia do Brasil – centro do Rio de Janeiro e que reuniu em torno de 500 pessoas.
Cerca de 170 entidades e organizações da sociedade civil organizada, vários movimentos sociais, personalidades, artistas e integrantes de partidos políticos progressistas se fizeram presentes ao evento, convocado pela recém-criada Assembleia Permanente pela Soberania Nacional. O objetivo foi mobilizar a população contra as agressões e ameaças de interferências externas sobre as instituições da República, além de de constituir-se num protesto vigoroso e num repúdio unânime às tentativas de transformar o Brasil numa colônia subserviente à potência militar e econômica da América do Norte.
Segmentos como a OAB, ABI, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento Negro Unificado (MNU), a FAFERJ, a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), as centrais sindicais CUT e CTB, lideranças políticas, representantes de universidades públicas e sindicatos de trabalhadores de diversas categorias profissionais compareceram para afirmar, em uníssono, que a Soberania Nacional não está à venda e que as riquezas do país pertencem única e exclusivamente ao povo brasileiro.
Uma bandeira da Palestina foi estendida na galeria superior do auditório do Clube de Engenharia, em solidariedade aos habitantes da Faixa de Gaza, massacrados pelo governo imperialista de Israel.
Durante a manifestação, o ator e ex-presidente da FUNARTE, Antônio Grassi, leu o Manifesto em Defesa da Soberania Nacional, aqui reproduzido na íntegra:
A SOBERANIA DO BRASIL NÃO SE NEGOCIA!
Os abaixo-assinados, reunidos no dia 1º de setembro na sede do Clube de Engenharia do Brasil, diante das ameaças que vive nossa Nação, vêm se pronunciar publicamente perante o povo brasileiro.
O Brasil é uma nação forjada em mais de dois séculos de lutas, entre elas a conquista da Independência, a superação da escravidão, a construção da República e a defesa permanente dos direitos trabalhistas e da Democracia. Esses marcos constituem o patrimônio imaterial de nosso povo, que jamais aceitou submissão ou tutelas estrangeiras.
Hoje, essa mesma soberania está sob ameaça. Interesses do governo de uma nação estrangeira buscam impor restrições à nossa economia, interferir em nossas instituições e ditar os rumos do nosso desenvolvimento. Infelizmente, com o incentivo e colaboração de brasileiros, que traem nossa Pátria, em conluio com os agressores externos, atacando a Justiça de seu próprio Pais.
Trata-se de um ataque grave ao Estado Democrático de Direito e à autodeterminação de nossa Pátria.
Não aceitaremos intimidações, nem ingerências que atentem contra a liberdade do povo brasileiro de decidir seu próprio destino.
Nossa Constituição é clara: o Brasil rege-se pela independência nacional, pela prevalência dos direitos humanos, pela não intervenção e pela igualdade entre as nações.
Exigimos, portanto, o mesmo respeito que oferecemos ao concerto internacional.
Neste momento, em que pressões externas tentam subjugar o Brasil, nós da sociedade civil, entidades representativas, a academia, trabalhadores, intelectuais, estudantes e os brasileiros em geral unimo-nos em um só propósito: defender a soberania nacional como condição para a Democracia, o desenvolvimento e a justiça social. Por isso, eventuais diferenças políticas devem ceder lugar àquilo que nos une: o amor à nossa pátria e a defesa de sua integridade.
Curvar-se a imposições externas é abrir mão do nosso futuro, é negar a possibilidade de uma nação livre, justa e solidária.A soberania do Brasil é inegociável. É sobre ela que repousa o direito de nosso povo construir seu destino com dignidade e independência. Vamos permanecer vigilantes e atuantes como uma assembleia permanente até que cessem essas abomináveis agressões externas à nossa Pátria!
Viva o Brasil!
Viva a Soberania Nacional!
Para o presidente do Clube de Engenharia do Brasil, a iniciativa da realização do Ato tem um recado claro: Francis Bogossian afirmou que “o Clube de Engenharia do Brasil repudia as agressões do governo dos Estados Unidos à soberania, ao processo de desenvolvimento e à democracia no país. É uma escalada ameaçadora conduzida pelo presidente Donald Trump, e que já inclui a intromissão sem precedentes no funcionamento do Poder Judiciário brasileiro”, destacou.
Muitas personalidades do mundo político marcaram presença, como o ex-ministro José Dirceu, os deputados federais Reimont (PT) e Glauber Braga (PSOL), as deputadas federais Benedita da Silva (PT), Jandira Feghali (PCdoB) e Talíria Petroni (PSOL), a deputada estadual Marina do MST (PT), além de personalidades como Roberto Amaral (PSB), João Vicente Goulart (filho do ex-presidente João Goulart), a atriz Ana de Hollanda e a jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Edgar Angel Jones, atleta de remo torturado e assassinado pela ditadura, instaurada no país a partir do golpe militar de 1964.
O Reitor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do RJ), professor Roberto Rodrigues, também prestigiou a manifestação, também na condição de presidente do FRIPERJ (Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do Estado do Rio de Janeiro), ao lado do Reitor da UFRJ, Roberto Medronho e da Reitora da UERJ, Gulnar Azevedo e Silva.
Os pronunciamentos foram unânimes no repúdio às ameaças de intimidação, sofridas pelo governo brasileiro e autoridades do Poder Judiciário, que começam a julgar – ainda no início de setembro – o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete militares acusados de participação numa trama golpista, que visava impedir a posse do presidente da República eleito nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva.
Como desdobramento desta mobilização, as entidades instituíram a Assembleia Permanente pela Soberania, cujo compromisso é o ativismo e a constante vigilância até que se interrompam tais agressões externas à nossa pátria.
Os organizadores destacaram que o ato unificado traduziu-se num chamado à união, para assegurar o direito do povo brasileiro de construir seu destino com dignidade, independência e soberania.
Por Ricardo Portugal – Assessoria de Comunicação do IM/UFRRJ
Auditório lotado do Clube de Engenharia, onde se vê estendida uma bandeira da Palestina
Compondo a mesa, a deputada Benedita da Silva, o deputado Glauber Braga, o Reitor da UFRRJ, professor Roberto Rodrigues e a presidenta da UNE, Bianca Borges
Cartaz de apoio do FRIPERJ à causa da Soberania Nacional
José Dirceu, ex-ministro do governo Lula
Deputado Glauber Braga (PSOL), ameaçado de perder o mandato
Deputada Benedita da Silva (PT)
Deputado Reimont (PT)
Jornalista Hildegard Angel
Deputada Jandira Feghali (PCdoB)
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