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Presidente da EMBRATUR, Marcelo Freixo faz palestra sobre Turismo no câmpus Nova Iguaçu da UFRRJ

O Turismo é um dos fatores que impulsionam o desenvolvimento social, econômico e cultural das cidades brasileiras. Esse foi o mote da palestra recém-realizada pelo presidente da EMBRATUR, no auditório do câmpus Nova Iguaçu da Universidade Rural (Instituto Multidisciplinar). Marcelo Freixo conversou com os estudantes, professores e servidores técnicos da UFRRJ, tendo ao lado as professoras Isabela Fogaça e Andreia Macedo, ambas da Rural, além do ex-aluno egresso do curso de Turismo do câmpus Nova Iguaçu, Jonas Queirós.

O Turismo como fator de desenvolvimento

O encontro da comunidade acadêmica com o presidente da EMBRATUR foi uma iniciativa promovida e realizada pela Associação Atlética Ruralina de Turismo (AARTUR) entidade estudantil da UFRRJ, cuja diretoria é composta pelos estudantes André Luís (presidente), Juan Carlos (vice-presidente), Cindy Vieira (coordenadora), além de Vítor Hugo, que representou o DCE da Universidade Rural. O tema da Mesa-Redonda foi “Cidades turísticas e o direito à cidade: como planejar para todos?

Prestigiando o evento, compareceu ao auditório o novo Diretor do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, professor Márcio Borges (foto).

Marcelo Freixo com o Diretor do IM/UFRRJ, professor Márcio Borges, tendo ao lado diretores da AARTUR   

 

    Marcelo Freixo, presidente da EMBRATUR

Baixada Fluminense, coração da Região Metropolitana do RJ

De início, o atual presidente da Empresa Brasileira de Turismo se mostrou feliz em estar presente numa universidade federal em Nova Iguaçu, destacando a importância vital da Baixada Fluminense no contexto da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ele comemorou o fato de a EMBRATUR ter registrado este ano números recordes no turismo internacional, de pessoas de diversos países vindo para o Brasil. Segundo Freixo, o turismo é hoje uma das grandes economias do século XXI, geradora de muitos empregos e renda para os trabalhadores. Ele louvou a presença em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, de uma universidade federal e que possui um curso de Turismo, na perspectiva de enxergar a atividade como um grande nicho de mercado para futuros profissionais.

Neste sentido, o presidente da EMBRATUR assinalou que a Baixada Fluminense não pode reduzir-se a mera produtora de mão-de-obra para quem trabalha na zona sul do Rio de Janeiro. Segundo ele, a região possui um imenso potencial turístico ainda inexplorado, seja no turismo de negócios ou no turismo de natureza, citando como exemplos Nova Iguaçu, Magé e Guapimirim, que não são (ainda) uma realidade no turismo internacional, mas sim no turismo nacional. A EMBRATUR pretende, segundo Freixo, ajustar as políticas públicas para o turismo na Baixada Fluminense.

Atividade turística ajuda a reduzir violência e injustiça social

Ao se deparar com o quadro de violência, miséria e exclusão social tão caracterizador da região, Freixo chamou a atenção para o fato desse cenário reinante compor a razão principal para o Turismo ali se desenvolver. Ou seja, se há uma região que gere emprego, renda e circulação de pessoas, haverá, forçosamente, mais segurança, mais paz e menos desigualdade social. Ele citou o México como exemplo onde o Turismo tornou-se extraordinário, e ajudou a diminuir a violência e o crime organizado perdeu força. Outro exemplo citado pelo presidente da EMBRATUR, a Colômbia encontrou no Turismo a solução para derrotar – mesmo que parcialmente – a ação dos cartéis mafiosos das drogas.

Ele concluiu defendendo o Turismo como solução mitigadora em relação a violência, e não como fator de paralisia em relação a ela.

Uma outra palestrante do evento promovido pela AARTUR foi a professora Andreia Macedo, das disciplinas de Planejamento Urbano e Política Pública para o Turismo, no curso de mesmo nome do IM/UFRRJ.

Ela realçou em sua fala a importância da participação e do direito à cidade, onde existe uma multiplicidade de visões e conceitos que apresentam algumas ambiguidades teóricas e incoerências práticas. Para a professora Andreia, essas contradições revelam um campo de disputas e interesses conflitantes. Ou seja, como pensar e planejar uma “cidade para todos” a partir da participação comunitária. Um dos três eixos apresentados por ela constitui a “participação social“, contexto no qual as Ciências Sociais a definem como mecanismo que permite a inclusão de segmentos da sociedade em situação de exclusão, no tocante a oportunidades de escolha. Outro aspecto relevante, de acordo com a professora do curso de Turismo, é o envolvimento de atores sociais em processos decisórios acerca de questões e problemas que atingem a coletividade. Tal aspecto é importante no exercício da reflexão para pensarmos a participação cidadã, ou institucionalizada.

Participação cidadã (ou institucionalizada)

Esse conceito traduz a busca e a promoção da inclusão, a partir do envolvimento de representantes de setores da sociedade e de instâncias ou instituições constituídas pelo Estado, para a deliberação de políticas públicas. Para exemplificar, ela citou os  diversos conselhos de Políticas Públicas, como o de Turismo, as audiências públicas (ou conferências) ampliadas ao longo de décadas, processos de elaboração de Planos Diretores Municipais, entre outras instituições participativas.

Quanto à “participação comunitária” propriamente dita, Andreia assinalou que as abordagens e estudos sobre ações comunitárias – inclusive aquelas associadas ao Turismo de “base comunitária” referem-se ao protagonismo da população, não apenas na identificação dos problemas, necessidades e demandas, mas também na construção coletiva das soluções desses problemas e impasses.

Portanto, enquanto a “participação social cidadã” ocorre em níveis mais amplos (como em municípios, nos estados e a nível nacional), a referência da “participação comunitária” é a instância local, cuja característica principal é o planejamento urbano, merecendo destaque, nesse contexto, a importância do protagonismo da população na identificação e resolução dos problemas comuns localmente vivenciados. Não obstante esses setores atuem de forma independente, não carecem de canais de interlocução constituídos pelo Estado para mediação de interesses e a busca de soluções para os problemas coletivos da localidade.

Na opinião da professora Andreia, guardadas as devidas diferenças, todas essas modalidades de participação apresentam um nível de proximidade entre elas. E tal proximidade tem a ver com a dimensão política da participação, a partir dos processos de socialização e das práticas de convivência coletiva, que apontam para relações de Poder, que sinalizam tal dimensão essencialmente política da atividade participativa, e que traduzem na prática a luta pelos direitos da população, entre eles o “direito à cidade”.

Em seguida, fez uso da palavra o ex-aluno Jonas Queirós, egresso do curso de Turismo do IM/UFRRJ. Proveniente do município de Queimados, ele começa sua vida de jovem adolescente entregando gás pelas ruas da cidade. Segundo ele, o Turismo em sua vida surgiu como uma oportunidade a partir de um curso de Hotelaria que realizou, mas que não era a primeira opção profissional. Em seguida, trabalhou na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, em Japeri, passando a efetuar pesquisas com os principais atores sociais daquela época. Aos poucos, Jonas percebeu que não havia uma compreensão exata do Turismo, concebido apenas como uma prática de lazer. Durante sua permanência na universidade, Jonas contou que teve uma oportunidade de trabalhar numa agência de turismo, na cidade do Rio de Janeiro.

Foi dessa maneira que travou contato com diversos grupos de estudo, onde encontrava com frequência representantes da Baixada Fluminense em que a questão do Turismo era debatida. Para Jonas, a questão central é a convicção de que o Turismo só existirá de forma integrada quando todos os representantes entenderem ser ele importante para o desenvolvimento regional. Se os governantes políticos não tiverem clareza sobre isso, de nada vai adiantar os esforços feitos nessa direção. Jonas explicou que sem políticas públicas que efetivem iniciativas concretas por parte do Estado, a atividade turística não será capaz de desenvolver-se, nem de captar o interesse de outros atores e empresários.

O ex-aluno de Turismo da UFRRJ lembrou que, em 2013, escrevia uma coluna no jornal “Extra“, onde falava sobre Turismo na Baixada, citando Jaceruba, a rampa de voo livre em Japeri e em outros lugares. Com isso, tentava passar a noção de valorização dos locais potencialmente turísticos da região, buscando atrair a participação da sociedade com vistas ao empreendedorismo e a realização de negócios que impulsionem a economia local, a partir do desenvolvimento do Turismo, de forma coletiva e participativa.

 

Mesa que dirigiu os trabalhos: Vitor Hugo, Isabela Fogaça, Marcelo Freixo, Andreia Macedo e Jonas Queirós

Já a professora Isabela Fogaça, do curso de Turismo do IM/UFRRJ, fez questão de ressaltar que a Baixada Fluminense precisa enxergar-se não como a “periferia do Turismo” ou a “periferia do lazer“. Ela defendeu que a sociedade da região cobre das autoridades uma atenção especial relativamente a essa questão. De acordo com Isabela, a Baixada Fluminense possui uma população de quase 4 milhões de habitantes, que precisam adquirir o direito de banhar-se em cachoeiras, visitar museus e participar de festas culturais. Ou seja, pensar as cidades a partir do lazer é também chegar no Turismo. Com isso, é necessário construir esses equipamentos para, dessa forma, melhorar a autoestima da população, cultivando em todos a noção de Cidadania.

Nessa perspectiva, a professora do curso de Turismo enfatizou que é preciso que os habitantes da Baixada Fluminense, na hora da escolher seus representantes nas eleições, rompam com a lógica do discurso única e exclusivamente preocupado com a problemática da segurança pública da região (ou mesmo da ausência de infra-estrutura) e direcionar suas opções políticas para outras frentes de desenvolvimento territorial, como por exemplo o Turismo, o Saneamento Básico, a Educação, a Saúde e o Emprego para a juventude, a fim de mantê-la afastada da criminalidade.

Na visão de Isabela, a questão da presença do crime organizado e da falta de segurança que marcam a Baixada Fluminense podem vir a se tornar entraves para o desenvolvimento do Turismo local. Neste sentido, ela cobrou das autoridades providências para que tanto o cidadão baixadense como o turista que vem para cá sintam-se protegidos, quando buscarem o desfrute do lazer e de nossas belezas naturais e da riqueza cultural.

Ela concluiu afirmando que, para se consolidar, o Turismo local precisa de uma política de segurança pública, antes e durante o processo de implantação das atividades de lazer. E aproveitou para ressaltar o papel da Universidade Rural no projeto da “Baixada Verde“, que teve início em 2017 e que ressalta a riqueza da região em natureza, cultura, música de qualidade e também na culinária nordestina, ajudando a transformar a mentalidade a partir dos alunos moradores dos diversos municípios da região.

Por Ricardo Portugal – Assessoria de Comunicação do IM/UFRRJ