Foi bastante concorrida a palestra da presidente da Petrobras, ocorrida no início do mês no câmpus Praia Vermelha da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, promovida pelo FRIPERJ – Forum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do estado do Rio de Janeiro, no contexto dos “Diálogos Fluminenses“, registrando na ocasião um público recorde, em relação às edições anteriores. Magda Chambriard foi o centro das atenções, quando discorreu sobre o tema “Complexo de Energias Boaventura da Petrobras (antigo COMPERJ) e o desenvolvimento do Leste Metropolitano“. Dentre as personalidades presentes do universo político, empresarial e acadêmico destacaram-se: o reitor da UFRRJ e presidente do FRIPERJ, professor Roberto Rodrigues, o reitor da UFF, professor Antônio Claudio Lucas da Nóbrega, a reitora da UERJ, professora Gulnar Azevedo e Silva, o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Romildo Toledo (representando o reitor professor Roberto Medronho), Maria Cristina Canela (pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, representando a reitora Rosana Rodrigues), o professor Ronney Boloy, representando o diretor-geral do CEFET/RJ, professor Maurício Saldanha Motta, e o professor Márcio Silva Borges, novo diretor do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, localizado no câmpus Nova Iguaçu da instituição.
Marcaram também presença no evento os deputados estaduais Luiz Paulo Corrêa, Dani Monteiro, Célia Jordão e Flavio Serafini, além da vice-prefeita de Niterói, Isabel Swan, e da primeira-dama do município, Fernanda Neves; além dos pesquisadores representantes do Friperj Acadêmico, registrou-se a presença do presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – Firjan, sr. Luiz Cesio Caetano, e do gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Wagner Victer.
A palestra da presidente da Petrobras teve lugar no auditório do Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de Água (NAB/UFF) e constituiu-se na última edição dos “Debates Fluminenses“, uma iniciativa do FRIPERJ.
Início do evento é marcado por manifestação de estudantes da UFF
Antes da palestra da presidente Magda Chambriard, um grupo de estudantes do curso de Engenharia da UFF postou-se na frente da mesa que conduzia os trabalhos para expressar seu repúdio ao fato da Petrobras vender petróleo e gás para o Estado de Israel, que atualmente promove um terrível genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. Em meio a palavras-de-ordem contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, os alunos empunhavam cartazes contendo críticas às relações comerciais entre o Estado brasileiro e o Estado sionista de Israel. Os participantes do encontro surpreenderam-se com o ato dos estudantes da UFF, em meio aos gritos por uma “Palestina Livre” que ecoaram no recinto do auditório do NAB/UFF.
Vice-prefeita de Niterói, Isabel Swan, presidente da Petrobras, Magda Chambriard, Reitor da UFF, Antônio Claudio da Nóbrega, Reitor da UFRRJ, Roberto Rodrigues e presidente da Firjan, Luiz Cesio Caetano
Em sua saudação à presidente da Petrobras, o reitor da UFRRJ e presidente do FRIPERJ, professor Roberto Rodrigues, destacou a importância do Forum de Reitores como elemento de atuação e de integração entre diversos atores e instituições sociais, constituindo uma alavanca no processo de reflexão e debate acerca dos rumos do desenvolvimento social e econômico do estado do RJ. Ele chamou a atenção para o fato do FRIPERJ ter sido criado num momento difícil da conjuntura do estado e do país, que inclui cortes orçamentários, dificuldades estruturais das instituições acadêmicas e ataques ideológicos contra a própria existência do ensino público universitário, gratuito e de excelência. O professor Roberto apontou que, além de defender as instituições públicas, o FRIPERJ passou a pautar, debater e gerar pesquisas sobre o estado do Rio de Janeiro como um todo, seus problemas e a consequente busca de soluções. Para tanto, foram firmadas parcerias com a FAPERJ e o Instituto Pereira Passos, estabelecendo-se um prêmio para a seleção de Teses e Dissertações na perspectiva do desenvolvimento do estado do RJ.
Dois eventos do FRIPERJ estão acontecendo ao mesmo tempo nesse momento: um deles é a 2° edição do Prêmio FRIPERJ/FAPERJ/Instituto Pereira Passos de dissertações e teses sobre o Estado do Rio de Janeiro; o outro é a 2ª edição do Seminário de Estudos sobre o estado do Rio de Janeiro (II SEERJ). que terá lugar no CEFET-RJ, entre os próximos dias 24 e 26/11.
Dada a capilaridade do FRIPERJ (que, agora, possui CNPJ) o reitor da UFRRJ e presidente do Forum de Reitores revelou a ocorrência de diversos encontros e reflexões em todo o estado, como no Norte Fluminense, na Baixada Fluminense, no centro do Rio de Janeiro e agora também em Niterói, cujo objetivo é o de contribuir para a conscientização e mobilização da sociedade em defesa da soberania nacional, além da afirmação de nossos direitos como país independente e senhor do próprio destino.
O professor Roberto Rodrigues acentuou que vê com esperanças a consolidação da parceria da Petrobras com as universidades públicas, na perspectiva direta de pensar e agir pelo desenvolvimento do estado do RJ e do Brasil e voltada para a defesa da soberania nacional, com o apoio e sob a ótica da Academia. De acordo com o presidente do FRIPERJ, um exemplo dessa parceria das universidades com a empresa é o investimento em pesquisas para o aperfeiçoamento e a busca das energias renováveis. O Reitor informou que, com a UFRRJ, a Petrobras tem um laboratório instalado no câmpus da instituição (em Seropédica, no Instituto de Tecnologia), onde a Universidade Rural produz e fornece tecnologia de ponta para a empresa. Ele concluiu enfatizando o papel que o FRIPERJ cumpre na atual conjuntura do estado do RJ e do país, ao buscar diálogo e interlocução das universidades públicas com o seu entorno, tanto na esfera governamental como nos segmentos privados e na sociedade civil, em geral.
O Complexo de Energias Boaventura da Petrobras
Seu antigo nome era COMPERJ, e remonta à época em que foi inaugurado (setembro de 2024), no município de Itaboraí. Foi rebatizado com esse nome em homenagem prestada pela Petrobras em razão da existência no local do antigo Convento São Boaventura, localizado na unidade e considerado umas das primeiras construções da região. A empresa restaurou e conservou as ruínas do antigo convento.
No início de seu pronunciamento, Magda Chambriard fez questão de ressaltar a importância da empresa como motor propulsor do desenvolvimento social e econômico do país, sendo responsável pela geração de 31% da energia consumida em solo brasileiro. A presidente da Petrobras pontuou que tal condição da maior empresa estatal do Brasil já é um indicativo em relação à preocupação com o bem-estar do povo brasileiro. Ela fez uma breve apresentação em slides acerca do Complexo Boaventura, destacando o aumento nos investimentos da Petrobras relativamente ao estado do Rio de Janeiro, com destaque para o Leste Metropolitano, que saltou dos 13% em 2022 para 20% no presente ano de 2025.
Magda afirmou que o governo federal encontra-se à beira de um consenso para a formalização da licença ambiental para que a Petrobras faça perfurações numa área distante mais de 500 km do Rio Amazonas, fato que vem gerando preocupação e apreensão nos segmentos ambientalistas da sociedade, dada a riqueza da biodiversidade de flora e fauna naquela região.
Apesar da estatal petrolífera informar perdas de R$ 4 milhões por dia com o atraso na liberação da licença ambiental, a presidente da Petrobras considera perfeitamente “exequível” a coexistência da produção de petróleo no país com a ampliação pela busca das energias renováveis, que não agridem o meio ambiente em sua operacionalização.
A dirigente manifestou-se incomodada com o fato da queda nos preços dos combustíveis não chegarem ao bolso dos consumidores, apesar dos valores terem se reduzido no âmbito das refinarias. Mas com a privatização da BR Distribuidora (antiga subsidiária da empresa), Magda explicou que a Petrobras perdeu a capacidade de interferir no preço final nas bombas dos postos de gasolina, fazendo com que o público não sinta a efetiva redução nos preços.
Reitor da Universidade Rural, professor Roberto Rodrigues, e o Diretor do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, professor Márcio Borges (primeiro à direita da foto)
Magda Chambriard, presidente da Petrobras
Para o professor Márcio Silva Borges, diretor do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ (foto), a iniciativa do FRIPERJ em promover palestra com a presidente da Petrobras mostra que o Forum de Reitores está no caminho certo, ao ressaltar nesses encontros o tripé Universidade-Empresa-Gestores Públicos, com a presença de parlamentares de diferentes matizes ideológicos, a vice-prefeita de Niterói, a presidente da Petrobras e representantes da sociedade civil. Ele acredita que tal união de esforços – simbolizada no contexto desse evento – servirá para identificar as potencialidades de cada território do estado do RJ.
O professor Márcio frisou ainda que a academia não pode constituir-se numa espécie de “ilha do conhecimento“, isolada de tudo e de todos. Para ele, a universidade tem que “olhar para fora dela“, com a extensão e a pesquisa servindo de instrumentos para a interação com a sociedade. O diretor do IM/UFRRJ chamou a atenção para o fato de “muitos cérebros de excelência” estarem indo embora do Brasil, buscando novas colocações no mercado de trabalho e melhores remunerações em outros países. Ele é de opinião que o pesquisador precisa ser bem pago, pois sua atividade desenvolve e aprimora consideravelmente o país, em benefício do bem-estar e do progresso da sociedade.
Por Ricardo Portugal – Assessoria de Comunicação do IM/UFRRJ
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